quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Descer o rio Amazonas numa jangada pedaleira.

E que tal descer o rio Amazonas numa jangada? É um desafio que me tem vindo a iludir á muito tempo. Imagino que não é fácil e tenho pensado bastante nos detalhes, no que pode acontecer, na melhor maneira de evitar falhas.

Construir uma boa jangada que seja fácil de manipular por uma pessoa e que aguente umas boas pancadas é a primeira parte do desafio; levou-me mais de um mês de labor, mas confio que consegui esse objectivo, agora falta dar-lhe a prova. Nos próximos 3 – 4 meses penso usar a jangada que construi, e partir de Pucalpa descendo o rio Ucayali até ao ponto que se junta com o rio maranon e se forma o Amazonas. Daqui são umas 3 semanas até que eu ponha os olhos no rio Amazonas , numa semana mais devo de passar pela cidade de Iquitos. De Iquitos até a tri-fronteira de Peru, Colômbia e Brasil são 3-4 semanas e penso que da fronteira até a cidade de Manaus, Brasil deve levar mais um mês. É um trajecto largo, difícil de prever a chegada uma vez que estou pendente do vento e da chuva.

O rio e os seus obstáculos não são o único desafio, há que ser diplomático. As comunidades que vivem na selva e á borda do rio acreditam que as pessoas de fora a quem lhes chamam “manteigueiros” ou “saca piele” vem para lhes tirar a pele do rosto, são crenças fortes de terror que por vezes os levam a actuar de maneira agressiva e perigosa. Penso que para lhes tranquilizar a ignorância vou ter que inventar uma mentira e explicar-lhes que estou a fazer um estudo para ganhar uma tonelada de dinheiro. Tem que haver uma ganância financeira para ter sentido, as pessoas ficam sempre muito desconfiadas quando explico que faço o que faço simplesmente pela aventura, pelo o privilegio de viver e conhecer coisas diferentes.

O mercado de pucalpa é decerto um dos mais exóticos que tenho visto, em cada visita que faço há sempre algo vindo da selva que me chama atenção: as dezenas de espécies de macacos á venda para domesticar, as tartarugas de um metro ou mais, expostas de pernas ao ar, algumas já mortas de tanta aflição, as jaulas cheias de colores dos mais distintos pássaros exóticos ou a área do talho onde eu tento ver se reconheço um pedaço de vaca ou porco entre tantos outras cabeças e patas de animais que eu não conheço.

A vida da selva é assim mesmo tudo vem da selva, e imagino que nos próximos 3 meses vou estar exposto a muito mais. São esses os frutos da aventura, e penso que esta vai ser uma das boas.

Durante a primeira prova, so tive que alinhar a corrente.






Só agora dei conta que a minha câmara já não produz som. Eu queria explicar a parte técnica do projecto, mas não se houve nada.


O primeiro passo foi juntar os troncos de balsa "topa" encontrei-os á beira do rio, é um pau muito leve carregava um em cada lado da bicicleta, dois de cada vez.


Com pedaços que ia encontrando nos ferros velhos cortei e dobrei duas colunas bem fortes os troncos de balsa estão todos amarrados com abraçadeiras, a soldadura foi gentileza dos soldadores que trabalham ao lado, ao custo de uma gasosa de vez em quando.


Tive que levantar o tecto pela segunda vez, houve muitos problemas com os barcos de carga que me chocaram várias vezes, obrigaram-me a fazer as coisas mais de uma vez, mas não a conseguiram destruir por completo.


Tem também uma paleta de tamanho industrial para poder guiar.


Aqui esta o meu motor; accionado com remos que desanda-o através dos pedais da bicicleta. Tem rolamentos montados ao fim do eixo e uma coroa para montar a corrente. O "motor" vai ser só para usar em casos de emergência e para atracar.


E aqui esta a jangada pronta para partir

Cusco

Em Cusco adoptei um cachorro, baptize-o de Cusco, viajamos um mês juntos até Pucalpa.
... ele costumava viajar dentro de uma bacia. Nas subidas caminhava atrás. Adaptou-se rápido a minha vida de vagabundo.
Aqui qualquer um pode adoptar uma dozena de cães vadios num segundo, só os querem quando são pequenos e engraçados, por isso depois de muitos atentos de roubo finalmente num momento de distracção enquanto trabalhava na jangada alguém conseguiu rouba-lo. Fiquei sem o meu bom companheiro de viagem, ia-mos descer o rio juntos.

Haaa... se eu apanho o ladrão


quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Astacado em Corumbá



No ultimo mês e meio tive a oportunidade de conhecer Corumbá (cidade na fronteira de Brasil e Bolivia) muito bem. Entre outras coisas aprendi que á quase 150 anos atrás quando Paraguai decide invadir esta zona, a noticia chega a São Paulo só depois passado dois mêses. Actualmente os correios seguem a tradição e pelos vistos ainda é necessário disponer dois mêses para receber uma carta em Corumbá. Um cúmulo para a tecnologia postal.
Como se tratava de um novo cartão de debito não tive outra solução se não esperar.



...e o que há para fazer em Corumbá? A melhor pesca de piranhas no mundo, piranhas tão grandes como o meu sórriso. Feliz de dizer que a viagem continua rumo a Bolivia, mais uma vez.