sexta-feira, 20 de novembro de 2009

30 dias de Estatísticas data de:\ Status for the date of: Setembro 28 – Novembro 28 (Mês 4)

Cidade de começo \ Start City – Moab, UT

Cidade ao fim \ End City – Pahrump, NV

Distancia Total \ Total distance – 1,861 Km

Distancia Total de Viagem\Total Distance Traveled– 9,273 Km

Media de Km por dia \ Average Km per day – 69 Km

Dia mais longo \ Longest day – 118 Km

Dia mais curto \ Shortest day- 10 Km

Total de dinheiro gasto \ Total Money spent – $369

Numero de dias em que não toquei na bicicleta - 3

Parques Nacionais visitados - 7

Filmes que vi – 1 o único em 4 meses, eu costumava ver uns 4 por semana

Coisas que perdi – $10 nos cassinos de Vegas

Coisas que achei – $110 no deserto em Utah

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Nevada

Dia 117 (Route 93) – Lake Mead 70Km
Elev. 366m
N36°02.616’
W114°48.428’

O Lago Mead é o resultado da barragem Hoover que fica a uns 50 km de Vegas e é a fonte de quase toda a iluminação que existe na Cidade.
Depois de visitar a barragem segui um caminho espectacular que segue a margem do lago e passa por cinco túneis num espaço de poucos quilómetros.
Ao meio da tarde fiz um pequeno desvio a Boulder City para confirmar via email se tinha onde ficar por uns dias quando chegasse a Vegas. Existe um site www.warmshowers.com que tem uma longa lista a nível mundial, de generosos hospedes muitos deles ciclo turistas veteranos dispostos a aturarem por uns dias ciclistas desamparados como eu. Até agora não tive necessidade de usar a sua boa generosidade, mas achei que Vegas é uma cidade enorme e vou precisar de um sítio seguro para deixar a minha tralha enquanto exploro os cantos á cidade.

Hoover Dam


Lago Mead



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Dia 118 Lake Mead – Las Vegas 71Km
Elev. 555m
N36°07.518’
W115°05.592’

Acampei ao lado do lago, perto da área onde o guarda florestal tira amostras para fazer testes à água, o que eu só descobri esta manha quando ouvi uma carrinha aproximar-se e pensei logo que ia ter problemas, mas o guarda foi muita fixe e disse-me que o seu trabalho é garantir que a água esteja segura, passar multas é o trabalho dos outros, despachei-me então a arrumar as coisas antes que os outros chegassem.
No meio da tarde fui então bater á porta de Lauriann a dona de casa que aceitou o meu pedido para acampar na sua propriedade por uns dias.
Depois de uma boa conversa com a minha simpática hospedeira e depois de me alojar fui visitar Vegas.
Existem duas distintas áreas de casinos: “The Vegas Strip” onde a maioria dos casinos se alinham, e mais a norte “Downtown Vegas” onde se situam os casinos mais antigos no meio e arredores destas duas zonas encontra-se as capelas de casamentos, algumas com “drive thru” (para não dar tempo ao noivo de mudar de ideias), os “Pawn Shops” onde as pessoas vão hipotecar as coisas que têm por financiamento, alguns abertos 24 horas por dia, e os bares de striptease. Vegas tem as armas todas para um suicídio financeiro, e até eu fui influenciado pelos encantos dos casinos e acabei o dia com um débito na carteira de $10.

Bem vindo a Las Vegas


O meu primo David que tem um talento para iluminar as ruas das festas em Portugal, precisa de vir ver a rua Fremont, esta toda iluminada com o que parece ser um enorme écran de luzes.



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Dia 119 Las Vegas 0Km
Elev. 555m
N36°07.518’
W115°05.592’

Hoje caminhei tanto que até trago bolhas nos pés, acho que visitei os casinos quase todos, cada um tem a sua própria extravagância para chamar a atenção aos clientes desde aquários com tubarões enormes a estátuas de praça que se movem electronicamente.
Vegas também tem muito que ver e fazer sem se gastar um único centavo, esta tarde à entrada de um casino fui convidado a jogar num dos “slot machines” por sorte ganhei um bilhete para um show de magia cortesia do casino Tropicana, eu estrategicamente escolhi um acento de lado para ver se conseguia descobrir os truques do mágico, mas o gajo era habilidoso e sabia o que estava a fazer, deixou-me mais confundido do que já estava.
À noite a cidade tem um aspecto totalmente diferente com a ajuda das luzes e grandes ecrãs de publicidade em alguns sítios dá a sensação que estamos a caminhar dentro dum televisor. Alguns dos casinos têm shows ao ar livre e usam a frente do casino como cenário outros têm extravagantes fontes com repuxos que dançam ao som da musica.

Centro comercial no Caesars Palace


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Dia 120 Las Vegas 30Km
Elev. 866m
N36°07.631’
W115°20.228’

Eu não quis abusar da confiança da minha hospedeira, por isso esta manhã arrumei as coisas e despedi-me o que levou quase toda a manhã. Foi divertido falar com Lauriann, ela tem opiniões sobre tudo e pode estar na conversa por horas.
À tarde comprei umas camisolas que estavam em conta, e tentei sair da cidade o que não foi fácil, porque por vários quilómetros está tudo urbanizado em comunidades vedadas ao publico, da estrada não se vêm zonas publicas ou de comércio e estava a ver que não ia ter um sitio para acampar. Finalmente ao fim da tarde estava fora dos limites da cidade e acampar foi fácil.

Lauriann e o grato vagabundo que ela acolheu na sua casa


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Dia 121 Las Vegas – Mountain Springs 72Km
Elev. 1358m
N36°01.307’
W115°33.328’

Hoje visitei Red Rock Canyon que tem uma pitoresca estrada que dá a volta ao parque mas por ser tão perto de Vegas tem uma multidão de visitantes.
Depois de uma longa subida acampei em Mountain Springs.

Red Rock Canyon


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Dia 122 Mountain Springs - Pahrump 52Km
Elev. 811m
N36°12.603’
W115°59.457’

Uma das perguntas que mais ouço é se alguma vez tive problemas durante a noite ao acampar. Eu sou abençoado com o dom de dormir que nem uma pedra, se algo se passa à minha volta eu sou capaz nem de dar conta, o único problema tem sido a policia e esta noite pela segunda vez fui acordado às 4 da manhã pelas autoridades de Pahrump ou como eu gosto de dizer a policia de Parumpum pum.
Os ladrões devem de estar em greve porque desta vez veio a patrulha toda eu contei pelo menos cinco. Depois de verem o meu passaporte Português e sem saberem bem o que fazer com ele a polícia perguntou-me o nome e a data de nascimento e verificou se eu estava a dizer a verdade de acordo com o passaporte. Finalmente deixaram-me ficar mais umas horas até que o sol nascesse, e eu voltei a adormecer pouco depois.

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Tive que fazer um desenho porque esqueci-me de tirar uma foto

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Arizona

Dia 105 Hurricane – Kaibab Natonal Forest 118Km
Elev. 1813m
N36°50.685’
W112°16.546’


Hoje com a ajuda do vento fiz uma boa média, talvez até um pouco depressa de mais porque de manhã sem querer passei por cima de uma das venenosas “Rattle Snakes” Só tive tempo de levantar as pernas por sorte não me mordeu.

Todo o dia a estrada acompanhou uma alta e longa ribanceira ao meu lado esquerdo e deserto do lado direito.

Assassina em fuga


O sinal diz: “Loto, munições para pistola, e cerveja” uma bela combinação, convenientemente disponível no posto de abastecimento



Dia 106 Kaibab National Forest – Marble Canyon 92Km
Elev. 1116m
N36°49.092’
W111°38.233’

Existem duas maneiras de visitar Grand Canyon, a margem na parte Norte e a margem na parte Sul eu hoje passei a uns 80 km da parte Norte, mas segui em frente se eu tivesse ido à parte Norte tinha depois que voltar para trás na mesma direcção por onde já ando á dois dias decidi então continuar e dar a volta ao Grande Canyon até á margem Sul, um desvio de uns 250 km, mas assim fico também mais perto de Vegas o próximo destino.

A floresta de Kaibab é onde vive uma espécie de esquilo com calda branca que só se encontra nesta área. Toda a manha tive com os olhos bem abertos para ver se o via e na hora do almoço vi um, mas não consegui puxar a câmara a tempo de o apanhar.

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Marble Canyon



Dia 107 Marble Canyon – (Jct. 160) 99Km
Elev. 1349m
N36°04.200’
W111°23.796’

Marble Canyon e um espectáculo e eu bem podia passar aqui uns dias a explorar, mas estou a ficar sem comida e tenho que seguir caminho.

O vento mudou de direcção e agora ando a pagar a dobrar pelos os dias que tive de bom vento. Esta zona de Arizona e um refúgio para as tribos de Índios Najavo. O único comércio que parece existir são pequenas tendas com colares e pulseiras feitas à mão, que vendem aos poucos turistas que por aqui passam. Parece-me ser uma das zonas mais pobres por onde passei nos EU.

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Dia 108 (Jct. 160) – Grand Canyon 79Km
Elev. 2257m
N36°02.272’
W111°49.775’

Tive uma engraçada conversa com um dos índios bêbedos (parece haver bastantes por aqui) ainda antes da hora do almoço, ele mostrou-se preocupado e pediu-me que eu tivesse cuidado com os leões, até me deu dicas em como me defender. Eu agradeci-lhe, e segui caminho despreocupado.

Antes de chegar ao parque existe uma longa subida, mas pela noitinha cheguei e acampei perto da entrada.

Isto é que é o Grande Canyon? :(


Dia 109 Grand Canyon 50Km
Elev. 2017m
N36°03.027’
W112°07.323’

No primeiro miradouro conheci Helga, outro alemão ciclista que começou a sua viajem no Canadá e planeou em acabar aqui no Grand Canyon. Passámos o dia a visitar os diferentes miradouros ao longo da margem do Grand Canyon até chegarmos ao parque de campismo.

Amanhã planeamos em acordar cedo para descer ate ao rio colorado e voltar a subir o Grand Canyon são 30Km de caminhada com uma mudança de elevação de 1,400 metros. No posto de informações fomos aconselhados em não fazer tudo num dia, mas para isso era preciso esperar vários dias pelos permites para poder acampar.

Não; isto é que é o Grande Canyon! :)


Desajeitado a tentar não cair



Dia 110 Grand Canyon 0Km
Elev. 2017m
N36°03.027’
W112°07.323’

Acordámos às 5 da manhã e pelas 6 já estávamos à entrada do Kaibab Trail que desce até ao fundo do Grand Canyon.

Foi um espectáculo ver as longas sombras que ao nascer do sol caiam sobre este enorme vale que se torce por vários quilómetros de vista. Pelas 11 da manhã já tínhamos a metade mais fácil feita e aproveitámos para descansar e tomar um banho à beira do rio. Caminhámos mais uns quilómetros à margem do rio e seguimos um outro Trail (Bright Angel trail), para a subida. A subida foi mais fácil do que pensávamos e pelas 4:30 já estávamos de volta no topo.

Nascer do Sol


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Rio Colorado


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Dia 111 Grand Canyon 0Km
Elev. 2017m
N36°03.027’
W112°07.323’

Esta manhã acordei mais cedo para ver o sol nascer, mas talvez por não haver nuvens ou pelo ponto de vista, não o achei tão dramático como ontem.

Aqui também existe o serviço de carreiras grátis como em Zion e eu aproveitei para ir até uma das pontas e caminhar de volta pela margem do Grand Canyon que oferece vistas espectaculares das ravinas que se encontram ao longo das gigantescas paredes, depois do pôr do sol apanhei a ultima carreira de volta até ao parque de campismo.

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Dia 112 Grand Canyon – Williams 101Km
Elev. 1955m
N35°15.015’
W112°11.212’

De manhã despedi-me do Helga que partiu cedo a caminho do Aeroporto no seu último dia de viajem, e fui acabar o resto da caminhada que comecei ontem. Pelas 11H00 já estava a caminho da bicicleta.

Quando cheguei a Williams tive a sorte de conhecer Todd que me viu a andar às voltas à procura de um sitio para acampar, e de imediato ofereceu-me um quatro para passar a noite, jantar e até vimos um filme (Crank 2). Foi bom voltar a ter estes luxos, mesmo que por pouco tempo.

Helga a arrumar as coisas no seu ultimo dia


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Dia 113 Williams – (Route 66) 75Km
Elev. 1679m
N35°16.795’
W112°42.106’

Depois de me despedir e agradecer ao Todd pela sua excelente hospitalidade segui caminho por uma estrada de terra para desviar-me do auto-estrada mas se calhar tinha sido melhor continuar no auto-estrada porque ao fim de 20km estava todo cheio de poeira que os poucos carros iam levantando cada vez que passavam por mim.

Acabei o dia na histórica rota 66 que costumava ir desde LA a Chicago, mas agora existem outras estradas mais directas e a rota 66 existe praticamente só para os turistas.

Estrada de pó


Route 66 com as conveniências todas para os turistas menos preparados do que eu



Dia 114 (Route 66) - Truxton 101Km
Elev. 1274m
N35°27.361’
W113°37.521’

Antes do almoço parei num minimercado para ver o que havia, ao sair da loja John, o dono que estava à entrada pergunta-me de onde sou e depois de uns minutos de conversa insiste a fazer-me um delicioso farnel com fiambre e pastrami que ele mesmo cura no seu fumador e vende aos restaurantes locais. Ele está a pensar em abrir uma secção de sanduíches na sua loja para vender ao público e eu acho que pode ser uma excelente ideia.

John o bom samaritano com um dom para fazer sanduíches


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Dia 115 Truxton - Kingsman 63Km
Elev. 1080m
N35°13.327’
W114°01.663’

O vento à tarde levantou-se com tal forca que eu tive que encostar e esperar que se acalmasse. Esperei até quase ao fim da tarde sem sorte nenhuma e acabei por me pôr a caminho com o mesmo vento feroz. Cheguei a Kingsman já bem dentro da noite.

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Dia 116 Kingsman – (Route 93) 88Km
Elev. 732m
N35°45.104’
W114°30.454’

Um dia chato sem nada de especial para contar.

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domingo, 15 de novembro de 2009

Utah

Dia 78 Grace – Logan, Utah 112Km
Elev. 1416m
N41°44.189’
W111°50.218’

De manhã achei estranho ver tantos carros e ciclistas a caminho na direcção contrária, mais tarde vim a saber que houve uma corrida de bicicletas na zona, quem me disse foi um senhor com quem parei na conversa por uns bons minutos. Falámos sobre historia, carros, tractores, sítios por onde já passámos, etc. São encontros como este que me fazem realizar o que vou aprendendo durante a viajem, se tivesse-me encontrado com o mesmo senhor à uns meses atrás, a conversa tinha sido bem mais curta.

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Dia 79 Logan – Liberty 40Km
Elev. 1731m
N41°26.276’
W111°49.905’

Logo pela manha já fazia um vento infernal que me batia de frente, então encostei e tentei com pouco sucesso, arranjar o computador que me tem dado alguns problemas, pela tarde o vento abrandou e pus-me a caminho por um atalho.

O trafico do meio dia


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Dia 80 Liberty – Washington Terrace 44Km
Elev. 1336m
N41°10.837’
W111°58.206’

Eu acho que o atalho que apanhei ontem, é uma estrada recreativa para veículos de todo o terreno, de qualquer maneira fizemos o percurso de 15km sem problemas nenhuns e agora tenho a certeza que a bicicleta está pronta para enfrentar o pior.
Hoje foi a vez da chuva e aproveitei para mudar a corrente. Eu trago comigo duas correntes que vou trocando de vez enquanto para que o desgaste das mudanças seja menos constante.

Falcão


Estrada para 4x4



Dia 81 Washington Terrace - Lehi 111Km
Elev. 1374m
N40°25.408’
W111°50.887’

Sinto que estou de novo na Costa Este, onde não existem intervalos entre cidades, e à minha volta trago sempre a companhia do tráfego.
Á noite pareceu-me que estava para chover outra vez, então montei a tenda debaixo da carroçaria de um caminhão, espero que o camionista me veja antes de se pôr a caminho.

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Em todas as direções vêem-se montes, estou admirado que ainda não tive que subir nenhum todo o dia.



Dia 82 Lehi - Thistle 83Km
Elev. 1592m
N39°59.507’
W111°22.892’

Finalmente encontrei um trail que pude usar para fugir ao tráfego e que me levou até Salt Lake City onde visitei o templo dos Mórmons.
Aqui no estado de Utah 70% dos habitantes são Mórmons uma religião que encontrou refúgio em Utah para praticarem no que acreditam, sem terem conflitos com outras religiões, foram também dos primeiros colonizadores no Oeste, bem antes da descoberta do ouro o que incentivou mais tarde milhares de imigrantes a estabelecerem-se no Oeste, principalmente Califórnia.
Existem guias que explicam a função de cada edifício o templo é o único lugar que não se pode visitar é reservado só aos crentes.

Salt Lake Mórmon Templo


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Dia 83 Thistle - Price 86Km
Elev. 1602m
N39°35.568’
W110°47.426’

Outro dia na confusão do tráfego, estou farto de olhar para o mapa e não consigo encontrar outro caminho, nesta região as montanhas é que definem por onde é que se pode passar, a escolha tornasse limitada acabando por todos terem que passar pela a mesma estrada.

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Dia 84 Price – Green River 120Km
Elev. 1187m
N39°06.936’
W110°06.591’

Fora da confusão e de novo nas montanhas.
Quando cheguei a Green River tive o prazer de conhecer Kevan, outro ciclista de Washington State, também descobri que à manhã há um festival do melão e melancia, Green River é famoso por esses frutos e pode-se comer até arrebentar. Eu não preciso de mais razão nenhuma para ficar aqui outro dia.

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E chegou a altura de enfrentar as montanhas



Dia 85 Green River – Crescent Jct. 55Km
Elev. 1315m
N38°50.355’
W109°59.672’

O melão estava excelente e nem foi preciso almoçar, pelas duas da tarde estávamos os dois com dores de barriga com tanta melancia. Eu decidi pôr-me a caminho para esmoer a barrigada. O Kevan decidiu ficar e partir à manhã de manhã. Combinámos em encontrarmo-nos em Moab.

Green River onde acampamos


Festa da melancia


Dia 86 Crescent - Moab 49Km
Elev. 1182m
N38°33.378’
W109°32.066’

Desta vez perdi-me a sério. O meu mapa mostrava uma estrada de brita que atalhava quase até Moab e ontem à noite eu não prestei muita atenção e cortei no primeiro caminho de brita que encontrei em direcção a Moab, só esta manhã quando a estrada começou a desaparecer (depois de uns 20 km) é que me apercebi que estava na estrada errada.
O que agravou a situação foi eu ter falado com uns motociclistas que andavam a fazer MotoCross na zona e que confirmaram com pouca certeza que se eu continuasse por mais uns 10 km ia ter a uma outra estrada que tem placas a indicarem Moab. Voltar atrás nunca me agrada muito, então decidi confiar nos motociclistas. Depois de uma hora comecei a ficar um pouco preocupado o único que havia no meio do deserto eram rastos de motas espalhados por todo o lado. Segui a bússola em direcção a Moab, mas por volta da hora do almoço já só me restava um pouco de água. Pouco depois encontrei a estrada certa, mas preocupado com a falta de água, a secar ao sol e por vezes a ter que puxar a bicicleta por areia, quando vi ao longe um Jeep tive que por mãos ao ar e pedir ajuda.
Felizmente o condutor teve piedade em mim e deu-me uma boleia até á estrada principal que estava ainda a uns 35 km. Quando cheguei a Moab o Kevan já tinha chegado e eu fiquei um pouco envergonhado com a situação, espero que não aconteça outra vez.

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Completamente perdido



Dia 87 Moab 20Km
Elev. 1079m
N38°36.193’
W109°33.988’

Ficamos em um Hostel que nos deixou acampar por $6, e tirámos o dia de descanso. Aproveitei para lavar a roupa e tive que comprar um cabo e cadeado novo, ontem perdi os dois no meio do deserto, só dei conta esta manhã.
Moab é um epicentro para BTT, alpinismo, e tudo o que é relacionado com desportos ao ar livre. Não faltaram lojas de desportos para escolher.

Família de cabras selvagens


Kevan, ele gosta de subir acima de coisas e traz nas malas uma “corda bamba” que ele monta quando acampa para passar o tempo



Dia 88 Moab –Arches National Park 48Km
Elev. 1471m
N38°46.776’
W109°35.518’

Cada qual tem o seu estilo de fazer turismo o Kevan anda um dia e descansa dois ou três eu sou um bocado mais impaciente e tive que seguir caminho.
Esta manhã fui visitar Arches National Park que fica a poucos quilómetros de Moab.
Arcos, torres, picos, colunas,... Uma colecção de obras naturais que se destacam no meio do deserto como uma magnificência que se pode comparar com as mais belas catedrais da Europa. No meio de toda esta beleza reparei num casal de idosos e na maneira em que o senhor tentava descrever o que via, mais tarde apercebi-me que a senhora era cega, não são todos os dias que reconheço a sorte que tenho, hoje fui lembrado disso.
À noite fiz por acidente o pior jantar que tive até hoje, num momento de desequilíbrio entornei o tacho do arroz e acabei por ir dormir com a barriga cheia de areia.

Archs National Park


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Delicate Arch



Dia 89 Archs National Park – Dead Horse State Park 82Km
Elev. 1718m
N38°29.587’
W109°43.946’

Sai do parque por uma estrada de areia em terríveis condições, e quando cheguei à estrada principal tive uma subida que durou o resto do dia até chegar a Dead Horse State Park (DHSP) que fica mesmo ao lado do parque Canyonlands.
Eu decidi visitar DHSP em vez do mais famoso Canyonlands porque acho que tem basicamente as mesmas vistas, e por ser mais pequeno vai-me levar menos tempo a explorar com menos turistas. Canyonlands fica para a próxima vez quando voltar.

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A subida



Dia 90 Dead Horse State Park - Moab 62Km
Elev. 1154m
N38°36.195’
W109°33.989’

DHSP tem uma estreita entrada e á volta está rodeado de ribanceiras que descem uns 300 metros até ao fundo, é como uma península no ar, os cowboys costumavam usar esta área para atrapar cavalos selvagens por isso é que se chama cavalo morto.
No cimo vê-se algo que eu comparo com um desaterro para uma obra que não tem fins nem limites, ao fundo o Rio Colorado, o construtor de tal obra que ao longo de milhões de anos tem vindo a erodir esta área. Passei a manhã toda a dar a volta ao parque pela borda da ribanceira com vistas de um mundo que me é estranho e lindíssimo.
À tarde pus-me a caminho de volta para Moab desta vez por uma estrada para veículos a todo o terreno e que desce através de um vale até ao Rio Colorado.

O rio Colorado


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A certa altura a estrada passa por baixo deste enorme pedregulho


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Dia 91 Moab – La Sal Jct. 28Km
Elev. 1591m
N38°25.336’
W109°26.053’

Passei a maioria do dia a descansar e só pus-me a caminho ao meio da tarde.
Á saída da cidade encontrei um casal simpático de noivos e o seu cão (Buker) a fazerem a travessia ao Pais de bicicleta. Acampámos pouco depois e passámos horas na conversa. Nos últimos dois anos eles caminharam quase 13,000Km do México ao Canadá pelo continental divide e fizeram o appalachian trail completo que também cobre os EU de Norte a Sul desde Georgia a Maine. Eles dizem que andar de bicicleta é bem mais fácil e eu acredito.

O simpático casal e o seu cão que esta na carroça pronto a seguir caminho



Dia 92 La Sal Jct. - Bending 97Km
Elev. 1772m
N37°40.002’
W109°26.097’

De manhã pusemo-nos a caminho Sul, mas passado uns quilómetros eles cortaram em direcção a Colorado (Este) e eu despedi-me para seguir em frente.
Acabei o dia ao fim de uma grande descida ao lado de um pequeno lago.

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Lago onde acampei



Dia 93 Bending – Natural Bridges Monument 78Km
Elev. 1908m
N37°36.673’
W109°59.408’

Outro dia de vento e ainda por cima o caminho foi sempre a subir quando cheguei ao cimo o vento abrandou e fui descendo até escurecer.
Acampei à entrada do parque do monumento Natural Bridges.

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Dia 94 Natural Bridges Monument – Halls Crossing 76Km
Elev. 1656m
N37°25.213’
W110°19.269’

De manhã visitei o parque aonde se podem ver arcos naturais ao longo de um vale. O vento continuou forte e estive quase para ficar no parque à espera que passasse.

Uma das quatro pontes naturais que existe no parque


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Dia 95 Halls Crossing – Burr Trail 69Km
Elev. 1211m
N37°35.836’
W110°46.950’

Hoje tive um dia de sorte.
Logo pela manhã passei por várias ruínas de um povo pré-histórico os Anasazi que habitaram esta zona e parei para explorar as suas humildes casas de pedra e barro, que se situam nas encostas das montanhas todas viradas para o nascer do sol, senti-me um autentico Indiana Jones estas ruínas não estão assinaladas e só quem vai com muita atenção ou muito devagar, como eu, é que se consegue aperceber delas.
Mais tarde já no meio do deserto à borda da estrada avistei uma nota de $5, logo ao lado estava outra de $20 enrolada a outra de $5, levei perto de uma hora a passar a área toda a pente fino, mas sai de lá com a carteira cheia de dinheiro e por causa disso quase ia perdendo o barco que atravessa o lago Powell de duas em duas horas.
Já do outro lado do lago e depois de fazer o almoço fui dar um passeio à borda do lago e acabei por passar a tarde quase toda a pescar com uma cana de pesca que encontrei, deixei a cana na praia para o próximo pescador que não tenha equipamento.
Acabei o dia com outro passeio ao vale dos pilares e vi vários lagartos no deserto que ainda não tinha visto.

As Ruínas


Á pesca


Vale das colunas


Nada mau, para quem não faz nada


Dia 96 Burr Trail 47Km
Elev. 1641m
N37°50.732’
W111°01.400’

O vento agora arranjou uma nova maneira de me chatear, areia. Ouvidos, nariz, olhos, bolsos... trago areia por tudo quanto é canto.
Durante o dia aproveitei para fugir ao vento e fazer várias caminhadas por entradas estreitas e apertadas ravinas que existem ao longo do caminho. O progresso é vagaroso, mas as paisagens são algo de especial. Ao fim do dia apanhei-me com u ma subida que de longe parecia que a estrada terminava ali, só se via uma parede de uns 300 metros, mas a estrada continua, escondida entre as pedras entrelaça uma estrada que devagarinho fui subindo e acabei o dia por acampar no topo.

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Surprise Canyon


A estrada que sobe a ribanceira


Dia 97 Burr Trail - Bolder 74Km
Elev. 1762m
N37°48.622’
W111°24.341’

Hoje o Burr Trail levou-me por dentro do Long Canyon um estreito vale rodeado de enormes paredes de pedra pintadas de castanhos e vermelhos. Ao longo do tempo pedregulhos de todos os tamanhos e feitios vão caindo e a estrada vai negociando o caminho entre eles, é algo de especial poder explorar aquela área de bicicleta sem tráfego nem turistas.
Ao final do dia a sul da pequena vila de Bolder encontra-se uma extraordinária estrada que passa, durante uns bons quilómetros, pelo estreito vértice de uma montanha e dos dois lados da estrada existem enormes vales, dá quase a sensação de que se está a atravessar uma ponte e por baixo passa um turbulento rio de pedra, definitivamente uma das estradas favoritas.

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Dia 98 Bolder - Escalante 55Km
Elev. 2203m
N37°40.832’
W111°49.084’

Esta manhã, deixei-me estar na tenda a ver o sol nascer contra as montanhas, para dar tempo que a temperatura subisse depois do pequeno almoço, fui dar uma caminhada ao pico mais alto que me rodeava. Depois de uma pouca distância de onde acampei a estrada corta á direita e começa a descer ate ao fundo do vale mais tarde volta a subir e expõe à vista uma das ultimas áreas dos EU a cartografar nos mapas.

O acampamento


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Dia 99 Escalante – Bryce Canyon 62Km
Elev. 2540m
N37°36.930’
W112°10.797’

Ao meio da tarde depois de uma grande subida, cheguei ao Bryce Canyon National Park, pelo caminho acima já se podem ver evidencias do que vai haver no parque.
Acampei no parque a uns 2500m de altura, foi uma das noites mais frias que tive até agora, de manhã a água na minha garrafa tinha cubos de gelo.

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Dia 100 Bryce Canyon – Red Canyon 41Km
Elev. 2214m
N37°44.763’
W112°19.169’

Bryce Canyon fez-me lembrar Bad Lands em South Dakota, mas pintado com cores de rosa e de laranja.
O Bryce Canyon pode ser visto por cima no topo das montanhas, mas quem se limita só a isso está a perder a melhor parte do parque, que é seguir um dos caminhos que desce ate ao fundo do vale e passa por entre os “hoodoos” que são pilares em pedra de todas as formas e feitios, parece que se desce a um mundo diferente em que tudo se destaca com mais vida contra um cenário cor de rosa.
Eu notei que não era o único a achar aquilo tudo fascinante, as pessoas que se aventuraram a fazer a mesma caminhada, passavam por mim também com um grande sorriso encantados enquanto olhavam ao seu redor.

Bryce Canyon


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Hoodoos


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Dia 101 Red Canyon – Zion National Park 108Km
Elev. 1704m
N37°14.057’
W112°52.659’

Tal e qual como o nome indica Red Canyon é vermelho e existe um caminho só para bicicletas que desce por entre este vale vermelho.
À noite cheguei a Zion e tentei ver se encontrava um sitio para me esconder mas antes disso um dos guardas florestais parou-me e preocupado por eu estar ainda tão longe do parque de campismo deixou-me acampar mesmo em frente do sinal que dizia proibido acampar.

Red Canyon


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Dia 102 Zion National Park 27Km
Elev. 1321m
N37°15.490’
W112°57.033’

Poucos quilómetros depois da entrada existe um estreito túnel que não permite bicicletas nem peões passar então tive que pedir boleia à primeira carrinha que vi. Um simpático casal de Canadianos reformados não hesitarão em ajudar-me e deram-me uma boleia.
É um privilégio visitar Zion NP de bicicleta a estrada principal do parque não permite carros e tem como opção para os visitantes um serviço de carreiras grátis que pára em vários pontos de interesse. As bicicletas são a única excepção e podem andar na estrada, tive então a liberdade de ver o parque no meu próprio horário.
Zion é um sítio que inspira, com montanhas tão grandes que é difícil acreditar que as pintinhas de verde que se vêm no topo, são os mesmos altos pinheiros que se vêm ao meu lado. Existem gigantes montanhas por todos os lados e a encurvada estrada habilita a paisagem a mudar constantemente.
Durante o dia fiz várias caminhadas que existem ao longo do percurso e ao fim da noite pensei que ia ser mais fácil acampar à borda da estrada porque depois das 18:00h o serviço de carreiras é suposto parar, mas a verdade é que continua até às 22:00h para apanhar os que ficam para trás, eu lá consegui arranjar um esconderijo e fiquei até o dia seguinte.

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Um dos trails passa por dentro do rio


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Dia 103 Zion - Hurricane 53Km
Elev. 975m
N37°10.733’
W113°17.263’

Fui um dos primeiros a começar “Angels Landing Trail” um dos caminhos que sobe até ao topo de uma das montanhas, uma subida que me levou várias horas, mas vale a pena, não só pelas vistas mas também ao fim pelo orgulho de olhar para cima e ver onde já tive esta manhã.
À tarde começou a chover e então pus-me a caminho para Hurricane aonde tenho algum correio á minha espera.

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As vistas no topo


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Dia 104 Hurricane 10Km
Elev. 1016m
N37°11.032’
W113°16.714’

Quando estive em Idaho uma das barras da estrutura da tenda partiu-se e tive que usar fita-cola com alguma ingenuidade de McGyver para arranjá-la ao mesmo tempo mandei um email ao fabricante da tenda e hoje recebi uma estrutura nova grátis para continuar a viajem, nada mau. O resto do dia passeio a fazer pouco ou nada.

As vistas do meu apartamento