sexta-feira, 30 de abril de 2010

Estado de Chiapas

Quem estiver a prestar atenção ao mapa deve de estar confuso porque é que não segui a rota mais directa a caminho Sul para Guatemala. A explicação é simples o objectivo não é chegar o mais depressa possível, é mais para conhecer por isso não se admirem se eu viro rumo a Norte.

Ansioso por fugir ao calor não me importei de ver o caminho a subir as montanhas, o vento bem tentou com toda a força manter-me posto e obrigou-me por vezes a puxar a bicicleta, mas eu estava decidido a sair da costa e ao fim da tarde estava no topo de 18 quilómetros de subida a desfrutar uma ultima vista do Pacifico.
Em Tuxtla uma zona urbana sem nada de interessante para ver, finalmente consegui encontrar uma anilha para segurar a borracha na bomba do meu fogão que já à mais de uma semana me estava a dar problemas, uma solução económica que funcionou maravilhosamente.
Depois de visitar Chiapas de Corzo pus-me ao ataque na subida mais longa que encontrei até agora, ao fim da tarde depois de 20 quilómetros de subida acampei contente a pensar que já estava no topo, mal sabia eu que no dia seguinte, tinha mais que subir mais 25 antes de chegar a San Cristobal de las Casas acima dos 2200 metros.
San Cristobal é uma cidade com um estilo colonial, avenidas estreitas, igrejas em quase todas as esquinas, uma forte influencia de indígenas Maias com as suas estranhas tradições, tem uma temperatura confortável, e tudo mais barato do que no resto do país, foi o sitio perfeito para tirar uns dias de descanso. Uns dias que depressa se tornaram em quase duas semanas.

Na boa companhia de Lore e Dieter o casal alemão que conheci em Baja Califórnia e que voltei agora a encontrar outra vez, visitamos o mercado na aldeia vizinha de Chamula, que tem uma igreja interessante um edifício que foi evidentemente construído para fins católicos, e adaptado às fortes tradições Mayas.
Não foi permitido tirar fotos do interior o que seria a melhor descrição que lhes podia dar; lá dentro iluminado por pouco mais do que centenas de velas e pela pouca luz natural que se escapava pelos buracos do rústico edifício, encontrava-se um chão coberto de caruma verde e livre dos longos cadeirões que se encontram em todas as igrejas católicas, encostados às paredes havia estatuas de santos protectores para quase todas as doenças e males da vida, o altar estava coberto de velas e era evidente que aqui não se celebrava a missa, sentados no chão em frente das estatuas, indivíduos e grupos de famílias indígenas faziam os seus próprios rituais alguns acendiam filas de velas enquanto oravam em língua tzotzil os mais elaborados sacrificam pobres galinhas e espalhavam o sangue por entre as velas, evidente das fortes influencias Maias que noutros tempos costumavam sacrificar prisioneiros nos altares dos seus templos, nisto tudo também havia gente a dormir nos cantos da Igreja. Uma igreja única que vale a pena a visita.

Igreja de Chamula


A principal razão para a minha longa estadia foi o Carnaval que em Chiapas é uma das festas maiores do ano e que dura vários dias com tradições muito especificas e pouco parecidas ao Carnaval tradicional. Com metade do equipamento, simplesmente o essencial para 3 ou 4 dias fiz uma visita às festas das aldeias nos montes dos arredores uma experiência única que não é participada por nenhuns turistas.
A festa em Yabeteclun foi a mais interessante a certa altura na avenida principal havia concerto, cortejo de igreja, desfile de Carnaval com banda, cerimónia de calouros a dançarem em frente dos patrocinadores da festa com a sua própria banda, foguetes, o sino da igreja a tocar, os feirantes a gritarem em alto-falantes, e tudo ao mesmo tempo uma pura caótica desarmonia de sons e festejos, que me fizeram abanar a cabeça em desacredito.



Depois de 3 dias a saltar de festa em festa a dar paleio a mais um grupo de bêbados amigos, voltei a San Cristobal para ver a tourada do ultimo dia de festa em Chamula. Os touros são soltos na praça principal e desafiados pelos mais corajosos até que o touro se canse. Eu pensei em mandar a bicicleta lá para dentro, mas esta tourada era só para amadores.



Ao sair de San Cristobal senti estranho o peso da bicicleta carregada de novo, mas em pouco tempo habituei-me e segui caminho em direcção às ruínas de Palenque as primeiras numa série de ruínas Maias que planeio visitar nas próximas semanas.
Pelo caminho parei em Tonina que tem uma pirâmide grande e por dentro é um labirinto de ruínas, por sorte no dia que cheguei os bilhetes tinham-se acabado e a entrada era grátis.

Também parei nas Cascatas de Água Azul que fica dentro de uma área governada pelos revolucionários Zapatistas, e que cobram 10 pesos de entrada aos turistas, poucos metros mais à frente existe outra portagem para a entrada às cascatas, eu mostrei-me um pouco chateado por já ter pago uma vez e disse ao senhor porteiro que não estava disposto a pagar outra vez ele riu-se e deixou-me passar. Existem centenas de pequenas cascatas na área que desaguam em pequenas lagoas com a distinta cor de água azul para explorar a área pode-se atravessar o rio por estreitos barrotes que servem de ponte e seguir os caminhos que dão acesso aos campos de cultivo no meio da selva, desta maneira encontram-se fantásticas cascatas escondidas.

Acampei à saída do parque de Palenque e pela primeira vez ouvi o macaco bugio a gritar, um som bastante parecido ao de um leão feroz, nessa noite tentei dormir um pouco assustado sem ter a certeza absoluta do que se tratava.



Palenque é um sítio arqueológico Maia importante, por ter uma grande parte das inscrições por onde se pode descobrir a sua história e também a de outras cidades vizinhas. As ruínas por si só não achei que fossem muito impressionantes, havia toneladas de turistas e algumas partes como o palácio das inscrições estão fechadas ao público.

Daqui sigo para a península de Yucatan para uma dose dupla ate ficar cansado de ver ruínas.


Dia 217 La Venta - Azteca 109km
Elev. 75m
N16˚12.987’
W094˚01.304’

Gafanhoto carnavalesco


Uma ultima vista ao Pacifico, vimos-se em breve daqui a uns meses


Dia 218 Azteca - Jinquipila 66km
Elev. 563m
N16˚28.951’
W093˚41.982’

Nublado e muito mais fresco do que na costa


Dia 219 Jinquipila – Tuxtla Gutierrez 95km
Elev. 499m
N16˚44.029’
W093˚03.251’

Tuxtla


Dia 220 Tuxtla Gutierrez – Chiapas de Corzo 37km
Elev. 1201m
N16˚42.061’
W092˚52.316’

Castelo na Plaza de Chipas de Corzo


Contente a pensar que já tinha chegado ao topo, mal sabia eu que ainda não tinha chegado ao meio da subida


Dia 221 Chiapas de Corzo – San Cristobal de las Casas 30km
Elev. 2044m
N16˚43.955’
W092˚38.398’

Subi e subi para alem das nuvens


E finalmente cheguei a San Cristobal


Dias 222- 230 San Cristobal de las Casas 146km
Elev. 2044m
N16˚43.955’
W092˚38.398’

A força armada de México


Lore, Dieter e eu ainda cansado da subida


Chamula


O mercado em Chamula


O cemitério em Chamula


A Garotada


A Catedral de San Cristobal


San Cristobal de las Casas


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O bairro em San Cristobal


Na equipa de San Cristobal usam as camisetas da seleção Portuguesa (eram as que estavam em saldo foi o ele me disse)


Dia 231 San Cristobal de las Casas - Larrainzar 32km
Elev. 1887m
N16˚53.016’
W092˚43.315’

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Em espírito festivo ofereceram-me bebida e comida numa pequena adeia: tamale de feijão e uma bebida que sabia a yogurt azedo em troca eu comprei-lhes mais uma garrafa de aguardente


Dia 232 Larrainzar - Yabeteclun 45km
Elev. 1464m
N16˚56.706’
W092˚34.140’

A Igreja de Larrainzar comparte um bocadinho o aspecto da igreja de Chamula, mas de uma maneira muito menos dramática


O parque em Larrainzar


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Durante toda a manhã chegaram grupos das aldeias vizinhas para dançarem em frente da igreja de forma ritual e dar varias voltas ao parque


O mercado em Larrainzar


O caminho foi todo a subir e a descer, enorme montanhas como estas


Dia 233 Yabeteclun – Chamula 36km
Elev. 2165m
N16˚46.090’
W092˚41.022’

Aonde a agricultura reina...


...também existe têxteis, tudo á moda antiga


Hora de almoço, os que estão assentados á volta da mesa são os patrocinadores da festa, e são tratados como reis, durante os 3 últimos dias de festa não dormem são praticamente 72 horas de bebedeira


Um dos patrocinadores a distribuir comida

A igreja em Yabeteclun


O mercado em Yabeteclun, mais lixo do que qualquer outra coisa


As senhoras de Chiapas


Dia 234 Chamula - San Cristobal de las Casas 29km
Elev. 2035m
N16˚43.963’
W092˚38.404’

Funeral, a contra com o numero de bêbados que havia nas festas, não me admiro nada


A tourada em Chamula: Primeiro os touros são levados á praça


O pessoal que está no meio da praça são todos toureiros, uns mais corajosos do que outros


E aqui estão os espectadores, (os medricas)


E mais um que vai para o hospital


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Dia 235 San Cristobal de las Casas - Huixtan 29km
Elev. 2252m
N16˚41.693’
W092˚29.071’

Propaganda Zapatista


Chuva e nevoeiro


Dia 236 Huixtan - Toniná 92km
Elev. 836m
N16˚53.917’
W092˚00.263’

Espetacular descida


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Dia 237 Toniná – Cascatas de Água Azul 80km
Elev. 211m
N17˚15.392’
W092˚06.819’

Arte maia em Toniná


Toniná


pobre Beija-flor ficou preso nos carrapatos desta planta, eu tive o prazer de lhe dar uma ajudinha


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E mais descida


De regresso ao calor



Dia 238 Cascatas de Água Azul - Palenque 70km
Elev. 76m
N17˚29.492’
W092˚01.338’

Cascatas de agua azul


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E há mais cascatas no meio da selva


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Os vendedores de milho quiseram que eu lhes tirasse uma foto


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Dia 239 Palenque - Pakalna 21km
Elev. 132m
N17˚33.183’
W092˚00.056’
Palenque


Palácio das inscrições


A cidade de Palenque


Dia 240 Pakalna - Aguacatal 121km
Elev. 78m
N18˚14.386’
W091˚22.058’

Macaco Bugio


Estive no estado de Tabasco menos de meia hora, entrei logo de seguida em Campeche