sábado, 6 de fevereiro de 2010

Baja Califórnia Norte México

Pouco depois de pagar os $20 por um visa de turista valido por 6 meses no México, e quase sem me dar conta já estava nas ruas caóticas da cidade de Tijuana, o mais difícil foi passar com a bicicleta pela porta rolante, mas até isso foi mais fácil do que pensei.
Sair de Tijuana já foi outra historia e sem ter qualquer mapa da cidade andei um pouco perdido, existem duas estradas que vão para o sul e quando perguntava por direcções todos pareciam ter opiniões diferentes da qual era melhor para bicicletas. Finalmente encontrei uma das estradas e acabei o primeiro dia de México, na cidade costeira de Rosarito acampado num lote com barracas abandonadas.

As estradas de Baja Califórnia requerem uma atenção cautelosa são estradas estreitas com intenso tráfego; finalmente estou a dar valor ao espelho que carrego á tantos meses.
Não existe quase nenhuma produção em Baja Califórnia, todos os produtos são transportados em velhos caminhões Americanos que parecem ser enormes “mata ciclistas” nas mãos de pequenos Mexicanos; quando olho para o condutor só consigo ver as mãos agarradas ao gigantesco volante, as caras desaparecem na escuridão da cabine e duvido que me estejam a ver, até que uma das mãos diz adeus e de seguida ouço um apito amigável, é um alivio. Com estas condições o dia tornasse muito mais cansativo e menos curtido, por mais que procurasse só encontrei um desvio desde Rosarito a San Angel uns 40 km numa estrada de terra à beira do mar sem qualquer vestígio de trânsito.

Acampar em zonas urbanas tem sido outro obstáculo. É sempre mais difícil acampar em zonas urbanas, nos EU havia sempre um jardim em frente dos edifícios públicos e era fácil encontrar um esconderijo, aqui as propriedades estão todas vedadas incluindo os poucos edifícios públicos que existem, qualquer espaço que não esteja vedado esta cheio, com montes de lixo, as opções são poucas e numa das primeiras noites em México tive que me contentar a dormir só com o saco de cama num pedaço de terreno demasiado desnivelado para montar a tenda.

Depois de Rosario e depois de uma pequena série de montanhas as zonas urbanas drasticamente diminuem. Sem ter um mapa de jeito encontrei-me um pouco mal abastecido de comida e água para atravessar o deserto central de Baja Califórnia, tive então que depender dos escassos restaurantes que existem ao longo da estrada e que sobrevivem à custa de esfomeados camionistas e ciclistas mal preparados como eu. Chapala com o seu barulhento gerador para electricidade é a única vila onde foi possível comprar, mercearias com uma escolha muito limitada tive que inventar uns almoços um pouco esquisitos. Mas eu não era o único mal preparado a certa altura vi um senhor de pé a caminho pela borda da estrada trazia consigo um simples saco de roupa, logo que me viu atirou as mãos ao ar e com uma voz de desespero pediu-me se eu tinha comida eu dei-lhe as ultimas bananas que trazia e pedi-lhe desculpa por não ter mais nada para lhe dar, espero que alguém lhe tenha dado boleia para um sitio menos inóspito.

No último dia em Baja Califórnia Norte encontrei-me com o Tom, um momento de inspiração o primeiro ciclista que encontro que vem desde Argentina e espera chegar a casa no Canadá antes do Ano Novo. Tom partiu da Argentina à pouco mais de um ano e no principio da sua viajem teve o prazer de conhecer o Nuno Pedrosa o português que á um ano atrás terminou uma viajem semelhante.


Dia 148 San Ysidro - Rosarito 54km
Elev. -1m
N32˚19.427’
W117˚03.066’

A entrada para México as bicicletas e peões passam ao lado por um passeio que há.


As ruas de Tijuana


Os bairros de Tijuana


Dia 149 Rosarito- Maneadero 105km
Elev. 55m
N31˚41.945’
W116˚33.211’

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Competidores do rally Baja 2000


Dia 150 Maneadero - Colonet 100km
Elev. 41m
N31˚06.287’
W116˚10.235’

Antes de chegar a Ensenada é preciso subir as montanhas


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Dia 151 Colonet – San Quintin 84km
Elev. -15m
N30˚27.553’
W115˚55.150’

Nopal, assado á brasa sabe a pimentos e deita um molho viscoso


Quilômetros e quilômetros de praia


Dia 152 San Quintin – El Rosario 75km
Elev. 39m
N30˚04.980’
W115˚41.394’

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Aqui foi onde eu me constipei pela primeira vez, em poucos minutos a temperatura desceu e eu comecei logo a sentir os arrepios. No dia seguinte segui com uma ligeira dor de cabeça, mas á tarde já estava tudo bem


Dia 153 El Rosario – San Agustin 68km
Elev. 477m
N29˚57.173’
W115˚08.909’

Cactos espetaculares com uns 20 metros de altura no deserto central de Baja Califórnia


O deserto ao pôr do Sol


Dia 154 San Agustin – San Ignacito 84km
Elev. 786m
N29˚33.324’
W114˚32.348’

Cactos, que parecem pontas de chama da maneira que crescem


Pedregulhos, cactos, vacas e camiões foi a única companhia que tive por vários dias


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A caveira, existem dezenas de cadáveres de vacas mortas ao longo do caminho


Dia 155 San Ignacito – Ponta Prieta 112km
Elev. 137m
N28˚46.139’
W114˚06.718’

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Uma fantástica descida antes de chegar á pequena aldeia de Chapala


No deserto logo que o Sol se põem, tenho que me preparar para o frio


Dia 156 Ponta Prieta – Villa Jesus Maria 88km
Elev. 40m
N28˚14.552’
W114˚00.038’

Para fugir aos camiões apanhei o primeiro desvio que vi no mapa ficou-me uns 20 km mais longe em estrada de terra, mas valeu a pena ter a manha toda livre de camiões com uma paisagem lindíssima a poucos metros da beira do mar.


Calhaus de todas as cores


Uma excelente manha

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